David Uip repudiou conduta de hospitais privados após saber, por repórteres, sobre nova morte no estado: ‘Isso não contribui’
O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus do estado de São Paulo, David Uip, repudiou a conduta de hospitais particulares que fazem notificações à imprensa sobre mortes por coronavírus, sem avisar os órgãos oficiais. A declaração ocorreu nesta sexta-feira 20, durante entrevista à emissora GloboNews.
Uip havia sido perguntado por um repórter sobre a divulgação, pelo Hospital Santa Catarina, de mais um óbito causado pela pandemia. Seria a 6ª morte no estado de São Paulo, a 8ª no Brasil. No entanto, a Secretaria de Saúde ainda não havia confirmado a ocorrência.
“Primeira crítica: eu não posso ficar sabendo de uma informação como essa por você ou com uma outra repórter. Estou eu aqui, está o secretário de estado, o secretário do município. Quer dizer, isso não contribui, notas individuais de hospitais para os meios de comunicação. Isso tem uma regra. O município tem que ser comunicado, o estado tem que ser comunicado, para que se tenha uma posição horizontal de transparência. As notas individuais criam expectativas diferentes”, afirmou o médico, que havia acabado de encerrar uma coletiva de imprensa.
Uip se negou ainda a dar mais informações oficiais sobre a nova morte, por não ter dados confiáveis para repassar à população. Ele pediu que os hospitais sigam regras de notificação para cumprir os protocolos da administração pública em relação ao coronavírus.
“Não adianta você ser informado de uma forma que você não tenha segurança dos seus dados. O que é preciso? Ter a notificação, ter os dados completos, eu preciso saber quem é o paciente, qual a comorbidade, o que está acontecendo, para daí gerar uma informação, para a população, adequada”, disse. “A crítica é a todos os hospitais que fizerem notificações independentes dos órgãos de oficiais. Tem que notificar ao município e ao estado. Esses hospitais devem seguir regras, e as regras são outras.”
Até quinta-feira 19, São Paulo confirmava cinco casos, todos no hospital Santa Maggiore, da Prevent Sênior. A empresa também notificou individualmente os óbitos e foi criticada.
Segundo secretarias de saúde, já são 651 casos de coronavírus em todo o Brasil. O último balanço do Ministério da Saúde, na quinta-feira 19, apontava 621 registros.