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Doria faz agendas casadas e dá carona a aliados em aeronaves pagas pelo governo

A cada 3 dias fora do palácio, tucano voou em 2, e compromissos incluem PSDB e Lide; estado cita segurança

Doria desembarca em São Roque (SP) do helicóptero PR-GSP, que pertence ao governo e é usado para o transporte de autoridades, em 16 de dezembro de 2019; no local, governador participou de inauguração de aeroporto privado voltado à aviação executiva

SÃO PAULO

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez 435 deslocamentos em aeronaves que pertencem ao estado ou foram locadas com recursos públicos em 2019. De cada três dias com agendas fora do Palácio dos Bandeirantes, em dois elas foram feitas em aviões e helicópteros.

Dentre as viagens feitas pelo tucano e pela primeira-dama, Bia Doria, em aeronaves custeadas pelos cofres estaduais há agendas casadas com eventos particulares, partidários e também do Lide, grupo privado que fundou e do qual se afastou na campanha de 2016. Na lista de passageiros, aliados e amigos sem relação direta com a atuação no Executivo paulista.

Os dados sobre os voos de Doria foram obtidos pela Folha, via LAI (Lei de Acesso à Informação), na Casa Militar, órgão estadual responsável pela segurança direta do governador e da primeira-dama.

O tucano afirma que razões de segurança —e ações governamentais contra a facção criminosa PCC— justificam deslocamentos aéreos dele e da família e destaca não haver ilegalidades.

"Não preciso desse tipo de benesse de governo", disse Doria nesta quarta-feira (15), após a publicação da reportagem, ao ser questionado em entrevista coletiva sobre os voos com aliados.

As viagens têm embasamento em decreto estadual, pelo qual elas devem ser feitas "com ênfase na economicidade e na segurança".

A ausência de uma regulamentação mais detalhada para a utilização das aeronaves, no entanto, dificulta ações de controle. Ex-governadores como Geraldo Alckmin (PSDB) e Márcio França (PSB) já enfrentaram críticas por recorrer a voos bancados pelo estado em compromissos considerados privados.

O Palácio dos Bandeirantes não revelou os gastos totais com as aeronaves para esses deslocamentos, mas, a partir de contratos de locação, a estimativa é que tenha sido gasto em torno de R$ 1,34 milhão com aluguel de helicópteros e aeronaves para voos de Doria e Bia em 2019.

No dia 2 de dezembro, por exemplo, Doria gastou R$ 95 mil em voos locados para inaugurar um presídio em Caiuá (SP).

A primeira-dama, que também é presidente do Fundo Social de São Paulo (braço do governo para assistência social), tem direito de usar o transporte aéreo — foram 22 trajetos para atendê-la, sem contar os casos em que embarcou como acompanhante do marido.

Em dois dos traslados feitos em seu nome, Bia levou junto uma irmã. As duas pegaram helicóptero do governo para chegar ao aeroporto e tomar voo de carreira para visitar parentes.

Almejando uma candidatura à Presidência em 2022, ​Doria adotou um ritmo intenso de aparições em solo paulista e viajou a Brasília e a outros estados em seu primeiro ano à frente do Bandeirantes. A relação obtida pela Folha não abrange suas sete missões internacionais, feitas em voos de carreira.

O tucano tem à sua disposição um helicóptero do estado reservado para transporte do governador, além dos cerca de 30 helicópteros Águia da Polícia Militar e de um avião com capacidade para nove pessoas.

O governo ainda fretou aeronaves para a locomoção de Doria, que na maioria das vezes teve a companhia de secretários estaduais e assessores, cujo transporte aéreo está previsto na regulamentação estadual.

Ao longo de 2019, a agenda pública do governador exibiu compromissos dele no território brasileiro em 264 dias. Desse total, em 70 dias ele teve atividades só dentro do palácio. Dos 194 dias em que saiu, Doria utilizou aeronaves para chegar até os destinos em 63,4% das vezes.

Em 31 de maio, por exemplo, sua agenda registrou a ida a Brasília para a convenção nacional do PSDB. Para chegar ao aeroporto de Congonhas (zona sul), onde embarcou em jato locado pelo governo, ele utilizou um Águia. No retorno, outro helicóptero da PM levou Doria do terminal para casa.

Para buscar o tucano e a primeira-dama em casa e levá-los de volta, os helicópteros usam como base um heliponto do edifício onde fica a sede do Lide, na avenida Faria Lima. Doria e Bia residem a cerca de 800 m do prédio, na rua Itália, nos Jardins, zona oeste de SP.

Depois de discursar no encontro de seu partido, o governador teve almoço em Brasília com o ministro das Relações Exteriores do governo Jair Bolsonaro, Ernesto Araújo, e duas entrevistas a jornalistas.

O trecho de ida e volta até a capital federal custou aos cofres estaduais, segundo valores de mercado, R$ 49.200. A tabela enviada pelo governo aponta que Doria acomodou no voo um colega de sigla, o deputado federal Carlos Sampaio (SP), mas o parlamentar nega essa informação.

Em 22 de abril, o ex-deputado federal Bruno Araújo —que no mês seguinte seria eleito presidente nacional do PSDB — acompanhou o governador em outra viagem de São Paulo a Brasília. O aluguel da aeronave pelo governo foi estimado em R$ 51.900.

A lista de tucanos entre os passageiros dos voos inclui ainda o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Cauê Macris, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

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